fbpx

Luiz Ruffato fala sobre sua rotina de trabalho durante a pandemia e suas mais recentes publicações, durante conversa no Sempre Um Papo

28 de março de 2022

Por Laura Rossetti

O escritor mineiro Luiz Ruffato participou, virtualmente, do Sempre Um Papo para falar sobre seus mais recentes livros, “A Revista Verde, de Cataguases: Contribuição à história do Modernismo” (Editora Autêntica), “Ninguém em Casa” (Editora Maralto) e “Manhãs de Sabre” (Faria e Silva). Durante a conversa com Afonso Borges, acorrida no dia 24 de março de 2022, o autor  abordou também seu processo criativo, sua rotina de trabalho durante a pandemia, entre outros assuntos.

“Fiquei quase dois anos totalmente recolhido. Eu tinha duas opções: ou eu enlouquecia ou trabalhava”, afirma Ruffato sobre a situação em que se encontrou quando, em 2020, a Covid-19 chegou ao Brasil. “A primeira providência que eu tomei foi reunir coisas que estavam esparsas para publicar em livro”, conta. Com isso, o autor publicou duas obras em 2021: “Ninguém em Casa”, de crônicas, e “Manhãs de Sabre”, de poemas.

Na primeira, as crônicas reunidas haviam sido publicadas inicialmente em jornais como o El País, Rascunho e Folha de S.Paulo. Todas elas foram revistas e editadas para compor esta antologia, cujo tema central é o passado do escritor. Os textos abordam desde sua infância em Cataguases, município de Minas Gerais onde ele nasceu, até suas experiências em Brasília, na juventude.

Já “Manhãs de Sabre” reúne poemas que ele publicou em quatro livros anteriores, além de versos inéditos. “Eu tenho tanto respeito pela poesia. É o gênero que eu mais leio e que eu acho dificílimo. É um lugar em que eu certamente não me sinto confortável”, diz Ruffato, que não se considera poeta, já que a poesia é um gênero que ele explora pouco. “Eventualmente, percebo que há determinadas coisas que eu não consigo expressar na prosa, seja em um conto, seja em uma crônica ou romance. Quando isso acontece, eu cometo um poema”, brinca.

Em 2022, por sua vez, o autor publicou, em fevereiro, “A Revista Verde, de Cataguases: Contribuição à história do Modernismo”, para marcar o centenário da Semana de Arte Moderna. Ruffato explica que a Revista Verde foi uma publicação modernista criada por um grupo de jovens estudantes de Direito de Cataguases e que teve sua primeira edição em 1927. “De alguma maneira, ela foi o mais importante órgão de circulação do modernismo, principalmente do modernismo paulista, naquele momento”, afirma. No livro, o autor resgata a história da revista e de seus criadores, a partir de documentos, referências históricas e dados sobre o contexto social, econômico, cultural e político da época.

Ruffato conta ainda que começou a escrever um romance enquanto fazia as pesquisas para “A Revista Verde, de Cataguases: Contribuição à história do Modernismo”. “Era um exercício muito curioso: de manhã eu fazia um trabalho mais criativo, abstrato; e, à tarde, eu esquecia o romance e me dedicava à pesquisa”, conta. A previsão é que o livro seja publicado em outubro, pela Companhia das Letras.

A respeito da história, o autor adianta que o romance dá sequência à discussão acerca dos desafios da vida em sociedade começada no livro ‘”O Verão Tardio” (Companhia das Letras), publicado em 2019.  Nele, Ruffato traz à cena uma sociedade marcada por classes sociais que perderam a capacidade de dialogar. “O romance que eu escrevi é um desdobramento disso no sentido de refletir sobre quem nós somos coletivamente, qual lugar nós ocupamos, individualmente, nessa sociedade, e se há algum tipo de saída para os problemas que estamos enfrentando para esses dilemas e impasses que nós mesmos nos colocamos”, afirma.

Acesse a gravação da conversa, que contou com tradução simultânea em Libras, no YouTube e Facebook do Sempre Um Papo.

Frases:

“A política como ela é não me interessa literariamente, mas me interessa muito como que a superestrutura está presente na infraestrutura. Ou seja, como a política feita em Brasília vai mudar a sua vida em Cataguases, Belo Horizonte, no Nordeste, no Sul”. – Luiz Ruffato

“No momento em que a ideologia se imiscui na literatura, ela acaba com a literatura”. – Luiz Ruffato

[fbcomments]