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Diálogos entre a dança e a literatura, com Suely Machado

16 de março de 2022

Por Laura Rossetti

O Sempre Um Papo recebeu nesta terça-feira, 15 de março, a dançarina e coreógrafa Suely Machado, fundadora e diretora do Primeiro Ato Centro de Dança, que comemora 40 anos em 2022. Na conversa, ela abordou a trajetória do grupo, a importância da dança para o desenvolvimento pessoal, a relação entre dança e literatura, entre outros assuntos. O encontro, que contou com tradução simultânea em Libras, aconteceu virtualmente, através do YouTube do Sempre Um Papo.

“Eu estou muito emocionada com os 40 anos do Primeiro Ato. É uma vida dedicada à dança”, afirma Suely. “A gente começou no período pós-ditadura e passamos por todas as instabilidades de um país que não prioriza a cultura, a educação e a arte”. Para a bailarina, é essencial que a dança seja mais valorizada e conquiste, na sociedade, um lugar de destaque ao lado de outros campos artísticos, como o teatro, o cinema, a pintura e a literatura.

“Eu percebo que o fato da dança clássica ter sido, durante muitos anos, o imaginário que as pessoas têm de dança dificultou o acesso popular a ela”, opina Suely. Para contrariar esta noção, o Primeiro Ato tem, fundamentalmente, a proposta de levar a dança a locais abertos e espaços públicos. O grupo atua ainda na área social, através do projeto Venha Ser Meu Par, que possibilita o aprendizado da dança para pessoas que possuem baixa renda.

Suely justifica a necessidade de se valorizar esta arte citando os inúmeros benefícios que o ato de dançar proporciona às pessoas. “A dança vem trazendo para a gente o foco, a disciplina, o equilíbrio, a harmonia, a consciência de si mesmo, a educação social – você tem a sua hora de fazer e a hora de ver o outro fazer -, e a sociabilidade, porque a gente trabalha em grupo”, destaca.

Tendo como finalidade unir o desenvolvimento artístico à formação humana e cidadã, o Primeiro Ato tem o histórico de montar seus espetáculos tomando como base obras da literatura. Esse é o caso, por exemplo, de “Isso Aqui não é Gotham City” (1992), espetáculo que explorou o universo das histórias em quadrinhos da DC Comics; e “Sem Lugar” (2002), que abordou temas extraídos da obra de Carlos Drummond de Andrade.

Segundo Suely Machado, é nítido o diálogo que a dança possui com as outras artes. “Cada movimento que eu faço tem, em si, a memória de algo que foi escrito no meu corpo pela vivência e experiência, pela leitura, pela poesia, por uma paisagem, pelo ato de ver um quadro bonito, de escutar uma boa música. Corpo e literatura são uma coisa só, porque a literatura está impressa no corpo”, afirma.

Frases:

“É muito importante a gente pensar na dança como uma possibilidade de acompanhar a evolução da educação e da formação de um ser humano”.  – Suely Machado

“A gente só cria a partir do vazio. Momentos difíceis são maravilhosos para a criação, porque você se vê em um vácuo”. – Suely Machado

“O homem é capaz realmente de ultrapassar seus limites e buscar, através do corpo, a capacidade de vencer obstáculos e de se autoconstruir a cada dia, de se renovar”. – Suely Machado

“Eu sou muito grata por ter feito um curso de psicologia e por ter tido uma formação em pedagogia que me fez ver         o corpo, mente, alma, espírito como um conjunto. Somos um só”. – Suely Machado

“Quando a gente descobre que coragem é vencer o medo, eu acho que a pandemia nos ensinou a ser corajosos. Porque todos nós tivemos medo”. – Suely Machado

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