Em uma edição virtual, o Festival Sempre um Papo realiza a 5ª edição do “Clube do Livro – Letramento Racial”, trazendo o retrato literário do Vale do Paraíba marcado pela oralidade e pelo folclore, no clássico “Água Funda”, escrito por Ruth Guimarães em 1946. Será no dia 22 de janeiro, 5ª-feira, às 19h, com mediação de Patricia Santana e coordenação de Madu Costa.
Em seguida, o projeto se encerra no dia 26 de fevereiro, também em uma edição virtual, com o livro “Apolinária”, de Bianca Santana, mediado por Madu Costa. O Festival Sempre um Papo tem patrocínio da Cemig, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Governo de Minas Gerais.
Patrícia Maria de Souza Santana é escritora de literatura para as Infâncias. Possui Graduação em História e Mestrado e Doutorado em Educação, Conhecimento e Inclusão Social pela UFMG. É professora aposentada da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Integrante do Núcleo Gestor Ações Afirmativas na UFMG, além de pesquisadora das Relações Raciais e Educação, Infâncias negras e quilombolas.
Publicado em 1946, “Água Funda”, de Ruth Guimarães, é um marco da literatura brasileira por dar centralidade à oralidade, ao folclore e às vozes populares do Vale do Paraíba, construindo uma narrativa profundamente enraizada na cultura rural e afro-brasileira. Com uma escrita que incorpora mitos, crenças, ditos e ritmos da fala cotidiana, o romance retrata a vida de uma comunidade atravessada por relações de poder, religiosidade, memória e tradição, revelando tensões sociais e simbólicas muitas vezes invisibilizadas pela literatura canônica. Ao valorizar saberes populares e personagens marginalizados, Ruth Guimarães inaugura uma forma de narrar que articula literatura, antropologia e identidade cultural, fazendo de “Água Funda” uma obra fundamental para compreender o Brasil profundo e a contribuição decisiva das escritoras negras para a formação do imaginário literário nacional.
O Clube do Livro – Letramento Racial integra a programação do Festival Sempre um Papo e tem como propósito criar um espaço de leitura, escuta e diálogo, valorizando a contribuição das autoras negras para a formação cultural brasileira. A cada edição, um livro e uma escritora são apresentados ao público, ampliando repertórios e fortalecendo debates sobre literatura, raça e sociedade.
As inscrições, gratuitas podem ser feitas no Sympla.
Só clicar AQUI.
Além da leitura coletiva que o Clube do Livro proporciona, a presença de , convidados especiais — pesquisadores, escritores e mediadores culturais – servem para estimular o diálogo entre leitores de diferentes idades e formações. O objetivo é construir um espaço de formação crítica e de valorização da memória literária negra, fortalecendo o debate sobre raça, gênero e sociedade no Brasil.
“Mais do que um clube de leitura, é um convite para reconhecer a contribuição das escritoras negras na construção da nossa cultura e refletir sobre como suas palavras ecoam ainda hoje”, afirma Afonso Borges, presidente do “Sempre um Papo”.
A iniciativa convida o público a mergulhar na produção literária de cinco mulheres negras que marcaram a história da literatura nacional, da pioneira Maria Firmina dos Reis à contemporânea Bianca Santana, passando por Carolina Maria de Jesus, Ruth Guimarães e Conceição Evaristo, sob a coordenação da escritora Madu Costa.
Programação:
29/09 – Rosália Diogo/ Conceição Evaristo
18/11 – Madu Costa / Maria Firmina
11/12 – Eda Costa / Carolina Maria de Jesus
22/01 – Patrícia Santana/ Ruth Guimarães
26/02 – Madu Costa/Bianca Santana
Quem é Madu Costa
Madu Costa é professora e “arteira”, como gosta de dizer, por ser escritora, poeta, cordelista, compositora, cantora, palestrante e narradora de histórias. É professora aposentada( pedagogia- UFMG/1984; arte-educação/ PUCMINAS/2000). Natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, publicou 26 livros, sendo 21 no gênero infantil- literatura negro brasileira e 5 publicações no gênero literatura de cordel. Os livros: Meninas Negras(2006), Koumba e o Tambor Diambê(2006), Cadarços Desamarrados (2009), Embolando Palavras(2014), cumprem o importante papel de representar valores africanos formadores da identidade nacional brasileira, bem como, representar as crianças negras na literatura infantil. Já os livros de cordel: Zumbi e Dandara, trazem de forma lúdica a biografia desses líderes do Quilombo dos Palmares e divulgam o patrimônio cultural imaterial brasileiro
A autora já recebeu os seguintes prêmios: Zumbi de Cultura/2018, pelo conjunto de sua obra literária; Prêmio Luiz Melodia de canções autorais/Fundação Palmares-2023; Prêmio Malala/ 2024, pela atuação pedagógica; Prêmio Baobá/ 2024, pela excelência na narração de histórias;