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A expressão sensível do ser

11 de agosto de 2021

Por Laura Rossetti (*)

O Sempre Um Papo Itabira de terça-feira, 10 de agosto, recebeu como convidada a atriz e escritora Bruna Lombardi. Na conversa, mediada por Afonso Borges, a autora falou sobre o conteúdo de seu último livro, “Clímax” além de sua paixão pela poesia e pela literatura, que a levou, ainda jovem, a conhecer grandes escritores brasileiros. A transmissão do bate-papo foi realizada ao vivo através do YouTube e Facebook do Sempre Um Papo, projeto que comemora, em 2021, 35 anos de realização.

Bruna conta que antes de se identificar com a arte da atuação, ela se apaixonou pela possibilidade de se expressar através da poesia. “A primeira coisa que eu fiz como uma expressão de busca mais sensível foi a poesia. E especificamente o Drummond foi um farol, um poeta que eu descobri muito cedo”, diz. A escritora conta ainda que guarda até hoje uma caixinha onde, na infância, ela guardava pedaços de papel nos quais escrevia versos de autores como Cecília Meireles, Murilo Mendes, Cassiano Ricardo e Vinicius de Moraes.

Nessa época, Bruna não imaginava que viria a conhecer alguns destes renomados escritores, inclusive Carlos Drummond de Andrade. O encontro entre os dois aconteceu logo após Bruna publicar seu primeiro livro, “No Ritmo Dessa Festa”, em 1976, que foi muito bem recebido pelos autores que ela admirava. A atriz se lembra do poeta itabirano com muito carinho. “(Ele era) uma pessoa generosíssima, mas recolhido, tímido, introvertido, embora eu soubesse que ele era muito brincalhão”, descreve.

Outro encontro inesquecível para Bruna foi com Clarice Lispector, em sua casa, no Rio de Janeiro. A atriz conta que, a um certo ponto da conversa, Clarice se levantou e disse “Bruna, vou te mostrar uma coisa, olha o cheque que eu recebi”, mostrando a ela um cheque enviado por uma editora com um valor ínfimo em dinheiro. “Então, ela me disse assim: ‘Tenha outra profissão’”, recorda-se Bruna, aos risos.

Além de prosear sobre a literatura e os escritores brasileiros, Bruna comentou alguns trechos de seu mais recente livro, “Clímax”, publicado em 2017 pela editora Sextante. Ela afirma que o livro, que reúne poemas sobre o amor, o prazer, a intimidade e os desejos, possui também uma parte dedicada a vivências femininas. “Ele é dividido em etapas (..). Tem um momento do livro em que eu falo de mulheres, da incoerência, da loucura, de tudo isso que nos acusam, falo da perdição, falo do desespero”, afirma.

Durante a transmissão, a escritora reforçou ainda a importância de que cada cidade valorize seus artistas e que a cultura seja fomentada de maneira geral. “Eu fico sempre me perguntando quanto talento perdido, esquecido tem por aí e que nunca foi descoberto. Quanta gente bacana que poderia estar dando uma grande contribuição e está impossibilitado porque a nossa cultura é tão amarrada, fechada e desacreditada”, lamenta.

Confira a gravação da conversa, que contou com tradução simultânea em Libras, nas redes sociais do Sempre Um Papo.

*Estagiária sob a supervisão da jornalista Jozane Faleiro

Frases

“Eu acho que a gente tem que conseguir se dividir entre o lado prático – porque a vida pede um pragmatismo e a gente precisa dele para viver -, mas sem perder o lado lúdico”. – Bruna Lombardi

“A poesia tem que entrar na vida de todos nós, porque ela ajuda a viver, ela ajuda a voar”. – Bruna Lombardi

“Todo autor é um ator para dentro também, porque ele cria mundos, personagens e os interpreta”. – Bruna Lombardi

“A sensibilidade da gente vai para lugares que são misteriosos” – Bruna Lombardi

“A poesia é uma arte sorrateira (…), ela gosta de confidências, ela é confidencial”- – Bruna Lombardi

“Eu acho que tem que ter fundo de poço na vida para você compreender o abismo e para você saber como voar” – Bruna Lombardi

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