fbpx

A diversidade de vozes brasileiras

20 de outubro de 2021

Por Laura Rossetti (*)

No dia 19 de outubro de 2021, terça-feira, o Sempre Um Papo, em parceria com o Sesc Santo André, recebeu como convidada a escritora e jornalista Patricia Palumbo. Durante o programa, transmitido às 20h nas redes sociais do projeto, ela fez o lançamento do livro “Vozes Do Brasil: Entrevistas Reunidas” (Edições Sesc). Esta é uma nova edição revista e ampliada da obra, que apresenta entrevistas realizadas por Palumbo de 33 personalidades da MPB, como Rita Lee, Cássia Eller e Luiz Melodia.

Dando início à conversa, a autora falou sobre como, desde criança, se interessou pelos livros. Em São Sebastião, município em São Paulo onde nasceu, não havia nenhuma livraria, mas Patricia conta que sua mãe era uma contadora de histórias que comprava diversas obras por correspondência. “Éramos quatro irmãos e cada um tinha direito a um livro por mês. Minha mãe lia pra gente à noite, desde contos e lendas típicos do Brasil até ‘As Mil e uma Noites’ e outros”, lembra.

A história sobre como Palumbo se interessou por música é semelhante a essa, já que também não havia em São Sebastião uma loja de discos. “Enquanto minha mãe nos dava os livros, meu pai trazia os discos, porque tinha uma kombi que passava pela cidade e era uma loja de discos itinerante. Então, eu entrava nela com o meu pai e podia escolher alguns deles”, diz. A autora conta ainda que, curiosamente, seu pai, que foi amigo de Tim Maia quando criança, foi quem apresentou a ela a canção pop brasileira.

Patricia falou ainda sobre como a música produzida no país é diversa e essencialmente antropofágica, com raízes indígenas e ligada à natureza. “No século XXI, essa diversidade se impõe como o que é a canção brasileira – não a que toca no rádio, infelizmente, mas a que é feita hoje no Brasil. Para conhecê-la basta ter ouvidos atentos e buscar em outras fontes que não o mainstream. Tem tanta riqueza no Brasil para a gente se nutrir e produzir coisas novas que, para mim, é inaceitável que se faça música ou literatura sem abraçar essa cultura ampla, diversa e colorida”, afirma

De acordo com a autora, o fato do Brasil ser um país de dimensões continentais contribui com toda a diversidade de sua produção musical. Para exemplificar as influências que a própria geografia pode exercer nos ritmos das canções ela cita o estado do Pará. “Por conta das músicas que tocam lá (através de rádios da Guiana Francesa e da região do Caribe), o Pará acaba tendo uma música brasileira inlfluenciada por uma guitarrinha africana e francesa ao mesmo tempo. Um exemplo disso é o tecnobrega, que mistura a eletrônica com a música dançante, com o carimbó e o brega”, explica.

Recentemente, Patricia Palumbo fez o lançamento do selo “Rádio Vozes”, que consiste em uma homenagem ao cantor e compositor baiano Tom Zé. “Para marcar o aniversário de 85 anos dele eu fiz uma seleção de artistas de diversos estilos e gerações para cantar suas canções”, conta. Além disso, a jornalista também tem trabalhado na publicação semanal de episódios do podcast Peixe Voador, que ela criou durante a pandemia com o propósito de tornar os dias de isolamento mais leves.

A conversa foi uma edição do #SempreUmPapoEmCasa, com acesso gratuito e transmissão pelo  YouTube, Instagram e Facebook do projeto.

* Estagiária sob a supervisão da jornalista Jozane Faleiro

Frases:

“Ler é uma oportunidade de me emocionar, de aprender, uma oportunidade de diálogo. Os livros, às vezes, são como mestres, oráculos”. – Patricia Palumbo

“A gente tem essa riqueza no Brasil que é a coloquialidade no tratar do poema, da literatura, da música”. – Patricia Palumbo

“A gente esbarra na poesia durante o nosso cotidiano e isso é tão lindo”. – Patricia Palumbo

“A música feita na periferia tem uma qualidade que é exatamente essa: refletir o seu entorno. Isso é o papel social da música”. – Patricia Palumbo

“O Brasil não conhece o Brasil. Tem que conhecer!” – Patricia Palumbo

[fbcomments]